MEUS DEPOIMENTOS PARA A HISTÓRIA - PARTE LVI - A Tribuna do Advogado do Pará

O naufrágio do iate Casemiro Beltrão.

Conforme relatado em depoimento anterior, conseguimos sobreviver a uma tragédia marítima no estuário norte do Amazonas, Cabo do Maguari, Marajó-Pa, em 1968, mês de março, a meia noite.

Ao amanhecer do dia seguinte, verificados os danos causados à embarcação, só nos testando outra esperança, ou seja, a maré enchente e a flutuação da embarcação, o que de fato aconteceu. Em meio a dezenas de embarcações navegando do leste do Oceano Atlântico, surgiu uma embarcação de médio porte denominada Cabano, que atendendo a nosso pedido de socorro, aproximou-se solidariamente e após colher um cabo de nilon por nós oferecido, procedeu a operação de resgate até o rio Pacoval, onde havia um estabelecimento comercial com radiofonia. A propriedade era de um fazendeiro vinculado a Cooperativa da Pecuária do Pará, Socip.

Após a atracação da embarcação sinistrada, ingressei no estabelecimento comercial e após esclarecer nossa presença, solicitei apoio para comunicar a Belém os fatos acontecido a com a embarcação Casemiro Beltrão.

A pessoa que atendeu na cooperativa adiantou que infelizmente o barco naufragou no Cabo do Maguari, na noite passada, com possível óbito de todos os passageiros e tripulação.

Nesse momento, o funcionário da fazenda passou-me o microfone para passar as informações. Inicialmente disse que estava falando o vereador Franklin Rabêlo, do município de Chaves para informar ao presidente da cooperativa, Dr. Cláudio Dias que o naufrágio aconteceu mas com o apoio de todos, o milagre aconteceu, o barco foi salvo e os passageiros estão vivos com a embarcação atracada no Rio Pacoval no Marajó.

Após a noticia, era possível ouvir os gritos de alegria de quantos se encontravam na sede da Cooperativa da Pecuária, em Belém. Milagre, gritavam todos. A notícia da morte de todos foi desmentida.

Encerrava-se desse modo mais um capítulo da história da navegação marítima no estuário norte do caudaloso Rio Amazonas, o mais extenso do mundo e também o mais violento.

Esses fatos dolorosos alimentavam a minha ideia da construção da Hidrovia do Marajó, ideia lançada e adotada pelo ex-governador Almir Gabriel e seus assessores técnicos com o Governo Federal da epoca, prestando integral apoio por ser uma obra integrando os estados do Pará e Amapá.