sábado, 7 de março de 2020

HISTÓRIA DA ENGENHARIA E ARQUITETURA NO BRASIL

A matéria a seguir transcrita nos remete aos primórdios da colonização do Brasil pela Coroa Portuguesa.

O pesquisador foi um dos mais respeitáveis professores de arquitetura da Universidade Federal do Pará - UFPA. Foi diretor da CODEM, desempenhou, com brilhantismo as funções de conselheiro regional do CREA/PA, tendo destacada atuação em defesa da categoria que representou com amor e estremada dedicação.

"O dia do engenheiro e do arquiteto e o primeiro engenheiro e arquiteto do Brasil" - Antônio Paul de Albuquerque

Na data de 11 de dezembro, em que se celebra o Dia do Engenheiro e do Arquiteto, é interessante que se venha a indagar quem teria sido o primeiro profissional engenheiro e/ou arquiteto a se instalar e trabalhar no Brasil.

Não é necessário muita pesquisa para que se tenha de pronto a resposta à pergunta. Num artigo publicado em 1945 na Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de autoria do Bispo D. Clemente Maria da Silva-Nigra, O.S.B., intitulado Francisco de Frias da Mesquita, Engenheiro-Mor do Brasil, encontra-se a solução do problema levantado.

Francisco de Frias da Mesquita, nascido por volta de 1578, com a idade de vinte anos foi nomeado para uma das vagas de três lugares para aprender arquitetura, sendo assim um pensionista do Estado, o que lhe valeu uma provisão régia de Lisboa, a 24 e janeiro de 1603, para servir como engenheiro nas fortificações das partes do Estado do Brasil, e outra, a 24 de junho do mesmo ano, em que é mandado ao Brasil, a couzas do meu serviços sobre fortificações das fortalezas das ditas partes, com o ordenado anual de 400 cruzados.

Em 1606 Frias da Mesquita é encontrado ocupado na construção da fortaleza do Recife, e o alvará régio de 6 de maio daquele ano esclarece que, então, Frias era o único engenheiro no Estado do Brasil.

Ainda em 1608, Frias continuava dirigindo as obras da fortaleza do Recife, chamada também Castelo do Mar, Forte do Lage, Forte de São Francisco ou Forte do Picão, com "traça" de Tibúrcio Espanoqui, engenheiro chefe de Felipe II, finalmente construída em 1612. Diga-se de passagem que para tristeza dos preservacionistas a maior parte deste histórico forte foi inutilmente sacrificada e seu material usado para a construção do grande quebra-mar do porto de Recife.

Em 1622 Frias é louvado por Frei Vicente do Salvador pela "traça" do Forte do Mar na Bahia, já tendo dirigido a construção do Forte de S. Diogo na Cidade Baixa, ao pé da Santa Casa de Misericórdia, entre 1609 e 1612. E em 1614 Frias apresentava as "traças" da nova e sólida construção de pedra e cal da atual fortaleza dos Reis Magos, em Natal, que "sem nenhuma alteração resistiu mais de três séculos a todos os inimigos, a guerra, ao mar, ao tempo e á indiferença dos homens".

É também o Frei Vicente do Salvador que se refere à atuação de Francisco de Frias na conquista do Maranhão aos invasores franceses, para o qual se ofereceu voluntariamente, e na construção do forte de Quaxenduba, que chama de Santa Maria, ao leste da ilha de São Luis.

A jornada do Pará, que levou à fundação da cidade de Belém, comandada pelo Capitão-Mor Francisco Caldeira de Castelo Branco, e que partiu de São Luís a 25 de dezembro de 1915, teve a participação, entre outros, do provedor da fazenda, auditor geral e engenheiro-mor Francisco Frias da Mesquita, segundo o engenheiro Henrique A. de Santa Rosa.

Em 1917 Frias se achava tratando de fortificações na Paraíba em Fernando de Noronha, e no Espírito Santo e vizinho Cabo Frio.

Atribui-se a Frias a planta da nova igreja e convento dos religiosos do Carmo no Rio de Janeiro, em 1618, da matriz de Natal, em 1619, bem como da igreja e do convento do Carmo em Olinda, e é "lícita a mesma suposição no tocante a outras igrejas de certa importância no vasto litoral brasileiro, e das quais não restam vestígios, como, por exemplo, a Igreja de São Bento, na Bahia", bem como do projeto monumental do Seminário da Bahia, em 1621, cujas obras ficaram paradas para sempre depois do descalábrio da invasão holandesa. Expulso o invasor, aplicou-se o engenheiro-mor à reconstrução das fortalezas e da cidade do Salvador. Supõe-se que ele haja superintendido todas as obras até sua volta a Portugal, em 1635. Afirma Pedro Calmom que Francisco de Frias da Mesquita foi substituído por Diogo Pais, no cargo de engenheiro-mor do estado.

A matéria acima transcrita foi publicada originalmente no Diário do Pará, em 14/12/1994.


A foto registra a presença do ilustre conselheiro Antonio Paul de Albuquerque em reunião plenária no CREA/PA, trajando camisa listrada, á esquerda da imagem.

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